Revista Biomais

#tbt: Entrevista com Vinicius Uarthe Decker

Confira a entrevista da REFERÊNCIA BIOMAIS edição 46, no nosso “#tbt”

Vinicius Uarthe Decker

Formação: Engenheiro Eletricista com ênfase em Sistemas de Potência, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Experiência: Possui 15 anos de experiência, todos no setor elétrico, com passagem por empresas como Engevix e Celesc. Está há 12 anos na Copel, onde atuou nas funções de Engenheiro de Operação, Engenheiro de Planejamento da Transmissão e desde 2017 atua como Analista de Planejamento na Diretoria de Desenvolvimento de Negócios.

Olho no mercado

A Copel é uma das principais companhias de energia elétrica do Brasil e cada vez mais tem mirado seus olhos para o setor de matrizes energéticas renováveis.

“O investimento em energias renováveis faz parte do DNA da Copel. Com mais de 6400 MW de capacidade instalada de geração, aproximadamente 93 % provêm de fontes renováveis, com as principais contribuições vindo das fontes hidrelétrica e eólica”, explicou Vinicius Uarthe Decker, analista de Planejamento na Diretoria de Desenvolvimento de Negócios da Copel.

O especialista conversou com exclusividade à Revista Biomais e abaixo segue a entrevista na íntegra:

Como a Copel encara atualmente o investimento no mercado de energias renováveis? Qual investimento feito pela empresa nos últimos anos dentro desse setor?

O investimento em energias renováveis faz parte do DNA da Copel. Com mais de 6400 MW de capacidade instalada de geração, aproximadamente 93 % provêm de fontes renováveis, com as principais contribuições vindo das fontes hidrelétrica e eólica. Participamos da implantação do primeiro parque eólico da região sul do Brasil, o Parque Eólico Palmas, localizado no município de Palmas (PR), com capacidade instalada de 2,5 MW, e que entrou em operação em 1999. O potencial para as energias renováveis no Brasil é enorme, não só pela quantidade, mas também pela variedade das fontes. A diversidade geográfica e econômica permite que cada região possua fontes específicas que podem ser explorados. O Paraná, por exemplo, se destaca com um grande potencial energético nas fontes hidrelétrica e biomassa.

Em termos de investimento, nos últimos 3 anos a Copel viabilizou 2 novos empreendimentos: a PCH Bela Vista (29 MW) e o Parque Eólico Jandaíra (90,1 MW). Além do desenvolvimento dos projetos, a Copel anunciou em maio a aquisição do Parque Eólico Vilas (186,7MW). Com esta aquisição, a Copel se consolida um dos maiores geradores de energia eólica do país, com mais de 900 MW em capacidade instalada. No total, são mais de R$ 1,75 bilhões de investimentos, considerando a aquisição e os projetos em implantação.

Além do investimento direto em ativos, a Copel Mercado Livre, comercializadora de energia do grupo Copel, tem realizado leilões de contratação de energia para o mercado livre, com a oferta de contratos de energia de longo prazo para as fontes solar e eólica. A oferta de contratos de longo prazo está permitindo a viabilização de diversos projetos de fontes renováveis. Este arranjo comercial ganhou importância nos últimos anos em virtude da redução de contratação de energia verificada nos leilões regulados recentes.

Mundialmente o setor de energias renováveis cada vez mais ganha espaço. Qual a avaliação da Copel sobre o mercado no Brasil e como ele pode evoluir?

Historicamente o Brasil sempre teve participação significativa das renováveis na sua matriz, em razão do uso de hidrelétricas para a expansão do sistema elétrico brasileiro. É interessante trazer alguns números sobre o setor para ilustrar essa situação. Atualmente cerca de 85% da capacidade instalada de geração do país vem de fontes renováveis e essa participação deve se manter nesse patamar. É importante ressaltar que poucos países no mundo possuem a matriz elétrica tão renovável quanto a brasileira. De acordo com dados da Aneel, no período de 2021 a 2023 devem entrar em operação no Sistema Interligado Nacional cerca de 24 GW de capacidade instalada, com aproximadamente 90% dessa capacidade em usinas de fontes renováveis, com participação majoritária de solar e eólica. Mesmo com a aprovação da Lei nº 14.182/2021, de privatização da Eletrobrás, acreditamos que o foco da expansão de geração no Brasil vai continuar sendo em renováveis, principalmente as fontes eólica e solar, em razão da sua competitividade no custo de produção da energia e do peso cada vez maior que os critérios de sustentabilidade, ou ESG, terão para o mercado financeiro. As usinas Termelétricas com fonte de biocombustíveis também devem ganhar relevância nos próximos anos, em razão da necessidade de energia controlável para complementar a geração intermitente e não controlável das fontes eólica e solar.

Outro fator importante para o desenvolvimento das renováveis no Brasil será o crescimento do mercado de geração distribuída, que atualmente conta com mais de 6 GW de capacidade instalada, sendo mais de 95% de fonte solar. A geração distribuída veio para ficar e deve continuar crescendo exponencialmente, podendo chegar a mais de 24 GW de capacidade instalada em 2030, conforme projeções do Plano Decenal de Expansão 2030 da EPE, mesmo se considerarmos uma improvável retirada completa dos subsídios para a geração distribuída. A geração distribuída também cria oportunidades de viabilização para outras fontes de energia como o biogás, fonte com grande potencial no estado do Paraná em função da grande produção de aves e suínos, e que atualmente não é competitiva nos leilões de energia.

Atualmente, quais as principais ações da Copel dentro do mercado de energias renováveis e, se possível, quais os próximos planos dentro do setor?

A Copel entende que para garantir a sua perenidade e continuar contribuindo para o desenvolvimento do estado do Paraná e do Brasil, a empresa deve continuar investindo nos segmentos de geração, transmissão e distribuição. Como signatária do pacto Global da ONU de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e com uma governança corporativa alinhada aos critérios de ESG, a Copel continuará os investimentos em projetos de geração nas fontes solar, eólica e hidrelétrica. Também estão sendo avaliados investimentos e parcerias para o desenvolvimento de Usinas Termelétricas a Biocombustíveis.

Além do investimento tradicional em usinas de grande porte, a Copel, em parceria, implantou em 2020 no município de Bandeirantes a primeira Usina Solar Fotovoltaica (5,36 MWp) voltada para o mercado de geração distribuída e continua avaliando o mercado e possíveis parcerias para desenvolvimento de novos projetos. Ainda no mercado de geração distribuída, a Copel Distribuição, com autorização da Aneel, lançou um projeto piloto para contratação de Geração Distribuída e Microredes. Este programa prevê a contratação de 50 MW médios de energia com contratos de 5 anos em pontos específicos da rede da distribuidora, com o objetivo de aumentar a confiabilidade da rede de distribuição.

Temos também investimentos do programa de P&D Aneel, realizados pela Copel Distribuição, em projetos de eficiência energética que estão incentivando a instalação de painéis solares e de geradores a biogás no estado do Paraná.

Para completar, no mercado livre de energia, as chamadas públicas para contratação de energia realizadas pela Copel Mercado Livre ajudam a consolidar este mercado como uma alternativa para a viabilização de projetos renováveis de fonte eólica e solar.

Hoje a Copel não é mais reconhecida apenas por ser uma companha de energia elétrica, mas também como investidora em diversos mercados. Como é para a empresa ganhar esse reconhecimento, inclusive fora do Paraná?

A Copel sempre foi considerada, dentro de setor elétrico, como uma empresa de excelência técnica. O reconhecimento recente da empresa coincide com uma melhora significativa da governança e da gestão da empresa, que impactaram nos resultados financeiros e no incremento da capacidade de investimento em novos ativos e inovação. Isto mostra que, além da qualidade técnica, a empresa tem condições de competir no mercado entregando bons resultados. Essa mudança de cenário veio acompanhada da expansão da atuação da empresa, que apesar de ainda ser uma empresa com forte atuação no estado do Paraná, hoje possui ativos em 10 estados. Somos a 7ª maior empresa do setor elétrico, e a Copel Mercado Livre recentemente se tornou a maior comercializadora do país, considerando a energia comercializada no período. A Copel Distribuição também se destaca pelo volume significativo de investimentos, os maiores da história da empresa, para ampliação e modernização da sua rede distribuição, garantindo elevada qualidade para seus clientes.

Isto reforça a importância da Copel como um dos principais agentes na expansão do setor elétrico brasileiro e do papel que a empresa possui, como indutora do desenvolvimento do estado do Paraná.

Entrevista da REFERÊNCIA BIOMAIS, edição 46.

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