Estudo desenvolvido por pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) resultou na inovadora produção de biogás a partir de bagaço de maçã. A iniciativa, que contou com a parceria Universidade Federal do ABC (UFABC), mostra que é possível que os resíduos da fruta se tornem em uma alternativa para a produção do combustível renovável.
Publicado na revista Biomass Conversion and Biorefinery, o estudo analisou os benefícios do uso da fruta para o desenvolvimento da bioeconomia circular com a utilização da tecnologia de digestão anaeróbica a seco, a qual permite a degradação da matéria orgânica por microrganismos anaeróbicos. Segundo a pesquisa, o interesse em utilizar os resíduos de maça veio do seu autoconsumo, uma vez que além da maçã in natura, ela também pode ser utilizada na produção de sucos, vinagres entre outros alimentos, porém seus resíduos ainda não possuem uma destinação adequada.
“Os subprodutos gerados pela indústria de processamento de maçã são geralmente descartados sem aplicação posterior. Este estudo abordou a valorização do bagaço de maçã utilizando a tecnologia de digestão anaeróbia a seco em modo semi-contínuo” explica a pesquisa. De acordo com os autores, os parâmetros operacionais, ácidos graxos voláteis, comunidade microbiana e produção de biogás foram analisados durante 40 dias de digestão, assim como várias questões analisadas e calculadas a fim de colaborar com uma biorrefinaria anaeróbia na indústria de processamento de maçã.
“O potencial de produção de bioenergia, as emissões evitadas de gases de efeito estufa e o balanço energético foram calculados para determinar as possibilidades de implementação de uma biorrefinaria anaeróbia na indústria de processamento de maçã. Os resultados mostraram uma comunidade microbiana do reator composta por bactérias (97,5%) e Archaea(2,5%), onde Amphibacillus foi o gênero dominante” explica o estudo.
Depois de todas as análises de biodigestão o estudo chegou ao resultado que o bagaço da maçã também pode ser utilizado para gerar biogás e consequentemente energia elétrica a partir dele. “A bioenergia recuperada poderia suprir 19,18% de eletricidade e 11,15% de calor do reator anaeróbio utilizado no processo de biorrefinaria anaeróbia projetada. Em conclusão, a digestão anaeróbia pode ser uma abordagem promissora para o manejo do bagaço de maçã, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa e contribuindo para a transição da economia circular da indústria de processamento de maçã “, finaliza ele.
Fonte: Forest News