Revista Biomais

No ritmo atual, mundo não vai triplicar renováveis até 2030, diz Irena

Faltam 7,2 TW de capacidade de energias renováveis para alcançar meta assumida na COP28

Em dezembro do ano passado, durante a Conferência Climática das Nações Unidas (COP28), cerca de 200 países celebraram o compromisso global de triplicar a capacidade de instalações renováveis até 2030, o que significa atingir 11 TW em menos de sete anos.

É uma forma de reduzir o consumo de combustíveis fósseis e, consequentemente, o lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera.

Embora o mundo esteja instalando recordes de capacidade de energia renovável, o ritmo é insuficiente e a trajetória está “claramente fora do curso” para alcançar a meta, mostra um estudo recém publicado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, em inglês).

“Os dados mais recentes mostram um progresso inadequado, especialmente em relação ao triplo da capacidade de energia renovável até 2030, ao desenvolvimento de veículos elétricos, à capacidade de eletrolisadores para a produção de hidrogênio verde e à ampliação dos investimentos em geração de energia renovável, redes e flexibilidade”, resume o relatório (.pdf).

Segundo a agência, a empolgação na divulgação de dados sobre adições recordes esconde uma realidade perversa: a transição está concentrada em países ricos e na China.

E aponta para uma ameaça real de que, se continuar assim, a meta de triplicar renováveis não será alcançada – ainda são necessários 7,2 TW de energia renovável para chegar aos 11 TW.

“A tendência de implantação estabelecida ao longo das últimas duas décadas persiste, principalmente focada na China, na UE e nos Estados Unidos. Essa concentração significa que muitos países em desenvolvimento continuam a perder as oportunidades oferecidas pelas energias renováveis”, observa.

Na África Subsaariana, por exemplo, 567 milhões de pessoas ainda estavam sem acesso à eletricidade em 2021, quando foi feito o último levantamento.

Financiamento para emergentes

Ainda de acordo com a Irena, economias emergentes e em desenvolvimento (EMDE) têm recebido níveis desproporcionalmente baixos de investimento.

Em 2023, os investimentos relacionados à transição energética foram estimados em mais de US$ 2 trilhões pela BloombergNEF. Mas apenas 14% ocorreu em países emergentes ou em desenvolvimento – excluindo a China. Quando Brasil e Índia saem da conta, as EMDEs representaram apenas 10% dos investimentos globais.

Em termos per capita, 38 países ricos (14% da população mundial) atraíram cinco vezes mais investimento per capita do que as 154 EMDEs (excluindo a China) que compõem dois terços da população mundial.

Brasil quer liderar descarbonização da indústria, mas caminho é longo

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin, disse, nesta terça-feira (19), que a descarbonização da indústria pode colocar o Brasil em posição de destaque no enfrentamento às mudanças climáticas, oferecendo energia e soluções sustentáveis para o resto do mundo.

“Estamos em frente a um desafio, e o Brasil vai ser o grande protagonista do mundo, com segurança alimentar, segurança energética e clima”, disse o vice-presidente durante evento sobre mobilidade de baixo carbono.

Energias renováveis, hidrogênio, biocombustíveis, eletrificação da frota e mercado de carbono são algumas palavras recorrentes no discurso do governo Lula 3, que em pouco mais de um ano colocou no papel algumas políticas para fazer jus à bandeira verde – mas muita coisa ainda precisa avançar.

Descarbonizar a indústria brasileira é uma necessidade que vai custar, pelo menos, R$ 40 bilhões até 2050, segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O setor privado precisa investir em inovação, tecnologia, novas fontes de energia e processos. Por outro lado, espera do país um ambiente de negócios favorável e um custo de capital que permita esses investimentos.

Também nesta terça, a CNI entregou ao Congresso Nacional, em sessão solene com a presença de Alckmin, sua agenda prioritária.

Entre os 17 itens, estão: mercado de carbono, hidrogênio, mobilidade sustentável, transição energética.

Fonte: Agência EPBR. https://epbr.com.br/no-ritmo-atual-mundo-nao-vai-triplicar-renovaveis-ate-2030-diz-irena/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *