O administrador da empresa de pellets TecPellets admitiu hoje à Lusa que o material falta no mercado devido aos aumentos nos custos da energia e do gás, reconhecendo também que Espanha tem vantagem neste setor face a Portugal.
“O que está a acontecer neste momento é a falta de pellets no mercado, derivado ao aumento de energia e de gás”, disse hoje à Lusa Avelino Reis, da Tec Pellets, empresa sediada na Póvoa de Varzim, no distrito do Porto.
Os pellets são aglomerados de madeira utilizados em caldeiras e fornalhas para efeitos de aquecimento, provenientes de biomassa vegetal.
O responsável afirmou que “as fábricas cada vez são menos” por terem fechado devido “à falta de matéria-prima”, levando também ao aumento de custos. Segundo Avelino Reis, o preço de venda de um saco de pellets aumentou 35% face ao ano passado.
Questionado acerca da diferença entre o mercado espanhol e o português, o responsável da empresa do setor refere que clientes seus em Espanha “foram comprando sempre” o material ao longo de todo o ano.
“Coisa que em Portugal não acontece, só acontece nesta altura, quando vem o frio”, referiu, apontando o facto de que em Espanha possa haver “grandes ‘stocks’ [existências] do verão” que agora estão a ser vendidos.
Em Espanha, referiu, em muitas regiões “utilizam os pellets para fornecer calor para as casas” em conjunto, “enquanto em Portugal cada um tem uma salamandra”.
“Em Espanha é o contrário, compram o calor como se compra eletricidade ou a água. Há muitos condomínios com esse caso”, disse, justificando assim a menor sazonalidade deste mercado no país, em comparação com Portugal.
Segundo Avelino Reis, em Espanha “quando ninguém compra eles compram”, pois “têm dinheiro, investem e agora aproveitam o aumento dos pellets para vender mais caro”.
Já em Portugal “há muita gente que não tem dinheiro para investir e deixá-los [pellets] quatro ou cinco meses parados”.
“As pessoas não se previnem no verão porque é sempre assim, a fábrica dos pellets no verão também tem dificuldade em os vender”, já que “não há tanto consumo doméstico como nesta altura”.
Já acerca das diferenças de preços entre Portugal e Espanha, o responsável da empresa poveira afirma que estão “idênticos”, estabelecendo-se a diferença entre os rendimentos distintos dos dois lados da fronteira.
Fonte: JN Direto