Revista Biomais

Brasil tenta expandir mercados para bioenergia com carimbo de sustentabilidade

Promoção de novos mercados para combustíveis sustentáveis é uma das três prioridades do GT de Transições Energéticas do G20

O Brasil quer aproveitar a presidência do G20 este ano para avançar nas discussões sobre harmonização de regras e certificações para a bioenergia e, com isso, expandir mercados para produtos que têm origem no agro.

“Para criar um mercado global é necessário ter regras comuns, precisamos entender como vamos avaliar a intensidade de carbono desses combustíveis. Isso faz diferença, por exemplo, para premiar produtos que são mais sustentáveis”, disse a jornalistas, nesta sexta (23/2), a chefe da divisão de Energias Renováveis do Ministério de Relações Exteriores, Laís Garcia.

As conversas estão ocorrendo no contexto da Aliança Global pelos Biocombustíveis (GBA, na sigla em inglês), lançada no ano passado por Brasil, Índia e Estados Unidos, com adesão de Cingapura, Bangladesh, Itália, Argentina, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos.

Garcia avalia que o Brasil pode usar sua experiência em biocombustíveis para angariar apoio de outros países no desenho de critérios de sustentabilidade dentro da GBA.

Ela cita o exemplo do RenovaBio, programa criado em 2017 que estabeleceu metas de descarbonização no setor de combustíveis nacional a partir da emissão e compra de certificados.

E destaca que as metas de descarbonização internacionais para setores de transporte marítimo e aéreo garantem demanda para novos combustíveis nas próximas décadas, por isso a importância de aumentar a produção global.

Uma dificuldade, no entanto, são as restrições em relação às matérias-primas para a produção de biocombustíveis, sobretudo por parte da União Europeia. Países europeus evocam receios a respeito de insegurança alimentar e problemas de desmatamento, por isso têm priorizado soluções baseadas em eletrificação ou em hidrogênio para a descarbonização. Leia na cobertura de Gabriela Ruddy

Em busca de novos mercados

A promoção de novos mercados para combustíveis sustentáveis é uma das três prioridades do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20.

Durante encontro com jornalistas no início da semana, em Brasília, o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, disse que há um consenso de que é preciso avançar com as certificações para abrir novos mercados.

“Embora o uso de eletricidade seja fundamental na descarbonização dos usos de energia, principalmente baseada em energia renovável, há um grande consenso de que nós precisamos avançar e garantir mercados, tecnologias e critérios de sustentabilidade para esses novos combustíveis”.

As outras duas prioridades do grupo são reduzir o custo do financiamento e incorporar a dimensão social na transição energética.

Com essas agendas definidas, o GT deve agora detalhar o plano de ação até a reunião ministerial de Transições Energéticas marcada para 4 de outubro em Foz do Iguaçu (PR).

“Uma coisa que é muito interessante no G20 é que são países com características e condições geográficas muito diferentes. São países de economias mais avançadas, países em desenvolvimento, países que têm muitos recursos minerais, muitos recursos energéticos. Então, é importante olhar para esse conjunto mais amplo de tecnologias, dado que nenhuma tecnologia, isoladamente, vai ser capaz de dar solução para uma diversidade tão grande de realidades e de contextos”, explica Barral.

Oportunidade para indústria de baixo carbono

Sede do encontro de chanceleres do G20, o Rio de Janeiro também pode aproveitar a oportunidade e se posicionar para atrair indústrias interessadas em descarbonizar processos produtivos, defende o presidente interino da Associação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Rio Indústria), Gladstone Santos.

Para ele, esse é o momento de o estado apresentar soluções para indústrias que precisam produzir com menos emissões, dada a abundância de fontes de energia e a necessidade fluminense de se reindustrializar.

Gladstone aponta a oferta de gás natural na costa fluminense como oportunidade, mas há desafios: custo da energia, altos impostos e falta de segurança jurídica, por exemplo. 

Fonte: Agência EPBR. https://epbr.com.br/brasil-tenta-expandir-mercados-para-bioenergia-com-carimbo-de-sustentabilidade/

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