Revista Biomais

Sistema universal

Nome: Bruno Galveas Laviola
Formação: Graduado Agronomia pela UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e Doutor em Fitotecnia (Produção Vegetal) pela UFV (Universidade Federal de Viçosa).
Cargo: Pesquisador da Embrapa Agroenergia, onde atua nas áreas de Genética, Melhoramento e Produção de Espécies para fins Energéticos

Com o objetivo de reorganizar o agronegócio brasileiro, a Embrapa tem desenvolvido um projeto inovador, passando pela criação de um sistema que mapeará e organizará dados sobre as formas de biomassa utilizadas pela indústria brasileira. O sistema, feito em parceria com a Abid (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), procura medir insumos, alinhar a produção, entender o mercado e organizar todos os gargalos de produção de biomassa no país. A BIOMAIS conversou com um dos pesquisadores responsáveis, o agrônomo Bruno Laviola, que contou um pouco mais sobre a iniciativa da Embrapa Agroenergia.

Produção de Espécies para fins Energéticos

Como surgiu a ideia para criar o projeto de um sistema que mapeia e organiza as informações das biomassas no agronegócio brasileiro?
Na Embrapa Agroenergia recebemos constantemente visitas solicitando informações sobre as biomassas, resíduos e efluentes e como poderíamos melhor aproveitá-los. Além disso, temos ciência da carência de informações no Brasil, principalmente em relação aos resíduos e efluentes. Muitas vezes estas matérias-primas acabam virando passivo ambiental, quando que poderiam ser usadas na produção de bioprodutos e, assim, transformadas em ativos ambientais. Costumo dizer que os resíduos no Brasil podem ser considerados um tesouro no fundo do mar, pois temos uma grande quantidade destas matérias primas e não usamos por falta de informação.

A cidade escolhida para acolher o projeto-piloto foi Sorriso, no estado Mato Grosso. Qual foi o motivo dessa escolha?
O município de Sorriso é considerado a capital da soja, sendo este o maior produtor das oleaginosas no Brasil. Além disso, há produção de milho, algodão, suínos, aves, peixes, leites, entre outros produtos agropecuários. Apesar do município ser um grande produtor agropecuária, ainda existem poucas agroindústrias que agregam valor a matéria-prima produzida na região, sendo a produção escoada via estradas, chegando a percorrer quase 2 mil kg até os portos brasileiros. Um dos objetivos do projeto piloto, além de coletar os dados para desenvolver o sistema, foi mostrar na região as oportunidades que a bioeconomia nos reserva, podendo agregar valor às matérias-primas não comercializá-las em grãos.

Como funcionará esse sistema? Ele ficará à disposição de qualquer pessoa interessada no assunto?
Embora esteja pronto, o sistema será lançado em breve e estará disponível para acesso. No momento estamos fazendo uma série de testes com diversos usuários para melhor ajustar o sistema para atender a demanda de quem está buscando a informação.

Quais são os principais objetivos dos pesquisadores da Embrapa ao criar um projeto inovador como esse?
O Brasil é um dos países no mundo com maior potencial de desenvolver a bioeconomia ou economia de base sustentável. Temos luz quase todos o ano, uma das maiores reservas de água doce do mundo, ampla biodiversidade e área para expansão da agricultura de alimentos, de energia e novos produtos renováveis. Tudo isso, sem comprometer as nossas reservas florestais, que correspondem a mais de 60 % do território Brasileiro. Qual país no mundo é uma potência agrícola como o Brasil e ainda conserva a maior parte do território? Nós somos únicos, porém, precisamos aproveitar melhor nossas matérias primas para deixarmos de ser um exportador de commodities para um grande exportador de produtos de valor agregado. Ao longo dos anos vem sendo o grande responsável pelo saldo positivo na nossa balança comercial, isto sendo praticamente um exportador de grãos. Imaginem se agregarmos valor aos nossos grãos? Vamos dobrar o valor do Agro sem a necessidade de incorporar uma nova área de plantio.

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