Revista Biomais

Energia de briquetes produzidos com rejeitos de resíduos sólidos urbanos e madeira de Eucalyptus grandis

José E. Gonçalves, Departamento de Ciências Ambientais (Unesp)
Maria M. P. Sartori, Departamento de Engenharia de Produção (Unesp)
Alcides L. Leão, Departamento de Ciências Ambientais (Unesp)

RESUMO

O incentivo ao consumo e à produção em grande quantidade na sociedade atual gera, exageros de resíduos sólidos urbanos que, em alguns casos, podem ser utilizados para a geração de energia. Neste sentido e visando reduzir os resíduos dos aterros municipais e gerar energia, buscou-se produzir briquetes com mistura de rejeitos de resíduos sólidos urbanos (RRSU) e resíduos de madeira de Eucalyptus grandis. Os briquetes foram fabricados com 0, 5, 10, 15, 20 e 25% de RRSU na mistura com resíduos madeireiros contendo 12% de umidade. Os parâmetros analisados para a escolha da melhor mistura, foram: análise de combustibilidade x cinzas, resistência e energia utilizável. Os briquetes com até 10% de RRSU se mostraram com baixa resistência e os acima de 15% apresentaram grande aumento no teor de cinzas; portanto, os que melhor atenderam aos requisitos combustibilidade x cinzas e resistência mecânica, foram aqueles com 15% de RRSU, pois não se conhece a procedência das cinzas. Considerando-se a energia utilizável, o briquete com 25% de RRSU é o que apresenta maior poder calorífico útil na ordem de 17.175 kJ kg-1 (kilogramas) motivo pelo qual se indica a produção de briquetes com adição RRSU; ressalta-se, porém, a necessidade de estudos sobre a emissão de gases.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de um país está diretamente relacionado ao aumento do consumo energético e, conseqüentemente, ao crescimento da geração de lixo urbano por habitante. O lixo se torna problema quando a capacidade de tratamento adequado é ultrapassada (Jardim & Wells, 1995), ou seja, produzir lixo além da capacidade de tratamento se torna condição insustentável (Kanayama, 1995).

Todo e qualquer tipo de lixo produzido nas cidades, proveniente de atividades humanas e que são lançados no ambiente, é classificado Resíduos Sólidos Urbanos ou Municipais (RSU). A composição desses resíduos pode variar conforme as características de cada cidade (Calderoni, 1997).

Em 1995 o Brasil produzia 241.614 t (toneladas) de lixo por dia e 76% ficavam expostos a céu aberto, em lixões; hoje, a produção brasileira de lixo “per capita” gira em torno de 600 g (gramas) hab-1 dia-1 com a existência de poucos aterros sanitários ou aterros controlados para esta demanda (Cempre, 2005).

Estima-se que em São Paulo cada habitante produz 1 kg de lixo por dia e este valor tende a crescer, tornando a problemática do lixo inexorável e irreversível legitimando, assim, a necessidade de alternativas eficazes e custo-efetivo para o destino do lixo na Grande São Paulo (Cempre, 2005).

O estímulo ao consumo e à produção em larga escala na sociedade atual, gera grandes quantidades de RSU, dente os quais se encontram os Rejeitos de Resíduos Sólidos Urbanos (RRSU) em diversos setores do mercado, cujo destino diz respeito aos aterros municipais (Tillman et al., 1989).

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