Revista Biomais

Bons ventos

Brasil, além de bons ventos, também tem profissionais extremamente dedicados e que acreditam no poder renovável

No dia 15 de junho, comemoramos o Dia Mundial do Vento. E, como sabemos, tendo um dos melhores ventos do mundo, o Brasil tem muito a comemorar, já que desenvolvemos uma eficiente indústria de energia eólica, fazendo do vento, hoje, a segunda fonte de nossa matriz elétrica com mais de 7.500 turbinas em operação e mais de 600 parques eólicos.

Em 1992, no arquipélago de Fernando de Noronha, entrou em operação o primeiro aerogerador instalado no Brasil, resultado de uma parceria entre o Cbee (Centro Brasileiro de Energia Eólica) e a Celpe (Companhia Energética de Pernambuco), com financiamento do instituto de pesquisas dinamarquês Folkecenter. Durante os 10 anos seguintes, a energia eólica pouco cresceu, em parte pela falta de políticas, mas principalmente, pelo alto custo da tecnologia.

Durante a crise energética de 2001, houve a tentativa de incentivar a contratação de empreendimentos de geração de energia eólica no país. Criou-se, então, o Proeólica (Programa Emergencial de Energia Eólica). Esse programa tinha como objetivo a contratação de 1.050 MW (megawatts) de projetos de energia eólica até dezembro de 2003. Já se falava da complementaridade sazonal do regime de ventos com os fluxos hidrológicos nos reservatórios hidrelétricos.

A iniciativa, no entanto, não obteve resultados, e foi substituída pelo Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica). Além de incentivar o desenvolvimento das fontes renováveis na matriz energética, o Proinfa abriu caminho para a fixação da indústria de componentes e turbinas eólicas no Brasil com exigências de conteúdo nacional para os aerogeradores fruto desse programa.

Já no final de 2009 ocorreu o primeiro leilão de comercialização de energia voltado exclusivamente para a fonte eólica. Este leilão, denominado LER (Leilão de Energia de Reserva), foi um sucesso, com a contratação de 1,8 GW (gigawatts), e abriu portas para novos leilões que ocorreram nos anos seguintes. O 2º LER ocorreu em dezembro de 2009 e contratou usinas eólicas com início do suprimento em 2012 e cujo prazo dos contratos era de 20 anos.

Na curva de desenvolvimento e instalação da fonte eólica ao longo dos anos, que você pode encontrar no site da ABEEólica (no InfoVento, nosso infográfico dos principais dados do setor), é possível visualizar como a fonte eólica iniciou seu efetivo crescimento a partir do leilão ocorrido em 2009, sendo que as instalações começaram a se intensificar a partir de 2010, ano em que tínhamos menos de 1 GW. Hoje, já passamos dos 15 GW e, em 2023, apenas considerando os leilões já realizados, teremos 20 GW. Vale lembrar que, neste ano, teremos dois leilões: um A-4 e um A-6.

Este nosso breve histórico é a prova de que o Brasil, além de bons ventos, também tem profissionais extremamente dedicados e que acreditam no poder renovável da energia eólica para construir uma relação sustentável e respeitosa com a natureza, cuidando do nosso planeta para as gerações futuras.

*Elbia Gannoum é presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).